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Após 20 anos de Partido dos Trabalhadores, sociólogo Paulo Romão anuncia que quer disputar vaga do Senado pela legenda

O sociólogo e atual secretário estadual LGBT do PT no Maranhão, Paulo Romão, anunciou neste domingo (06) disposição para encarar a batalha como candidato ao Senado em 2022 pelo Partido dos Trabalhadores, de olho na vaga que será aberta em 2023 com o encerramento do mandato do atual senador Roberto Rocha (PSDB).

Com apenas 35 anos de idade, Romão se fia em sua longa experiência dentro do PT para credenciar-se à disputa dentro do partido. E sabendo que esse tipo de decisão não funciona de maneira simples no maior partido do Brasil em número de filiados, a argumentação do sociólogo para este plano precisa ser bem acima do comum.

E quando enxergamos o postulante tal qual ele é: jovem, negro, gay, com longa caminhada na direção estadual do partido, passamos a concordar que esta seria uma opção que responde aos novos anseios da sociedade, que agora se preocupa com pautas identitárias na hora de escolher seus representantes.

Mas um dos grandes trunfos que Paulo Romão carrega é a possibilidade de oxigenar o plantel do PT no Maranhão, inaugurando uma renovação geracional na legenda, que poderá apresentar novos nomes, novos rostos e ideais de esquerda que se mostrem – e sejam realmente – renovados. Segue a carta-manifesto escrita pelo pré-candidato ao Senado em 2022 encaminhada às direções estadual e nacional do PT, onde é antecipada a sua disposição na disputa:

“O PT como alternativa para o Senado Federal no Maranhão”

Caro Presidente Lula

Cara Presidenta Dilma

Cara Presidenta Gleisi Hoffman

Caro Presidente Augusto Lobato

Caro Presidente Honorato Fernandes

Eu tenho quase a idade do PT. Na verdade , neste 6 de dezembro de 2020 eu completo 35 anos de vida e 20 deles dedicados ao PT, seja como militante, seja honrosamente como dirigente do glorioso Partido dos Trabalhadores.

Conheci o PT no ano 2000, durante uma caminhada no bairro São Raimundo, da então candidata a prefeita de São Luís pelo PT, a inspiradora Deputada Estadual Helena Heluy, em quem votei pela primeira vez na vida.

Muitos não entendem nossa forma de construir um partido de esquerda, voltado para as massas e de orientação socialista com ampla democracia e participação interna nas decisões dos rumos do partido e que, hoje, é presidido nacionalmente por uma mulher.

Tivemos a ousadia de implementar o Processo de Eleição Direta – o nosso PED – para que nossa existência partidária seja possível. O resultado disso é que nossa democracia interna passou por mudanças estruturais – apesar das intermináveis disputas internas que o PT/MA conhece tão bem – transformamos a legenda renovando suas direções pela base, atualizando nosso programa partidário e nossa estratégia partidária para disputar e ganhar a sociedade e fundamentalmente, OXIGENANDO GERACIONALMENTE O PT.

Eu entrei na direção partidária pela cota de juventude e de negro . Me tornei dirigente municipal e estadual do PT e seguramente dei minha contribuição nestes longos anos como Secretário Estadual da Juventude do PT; como Secretário de Formação Política do PT de São Luís, como Secretário Estadual de Assuntos Institucionais do PT e atualmente Secretário Estadual LGBT do PT/MA. Disputei a presidência estadual do partido e já caminhei muito, estreitei bons laços sociais e políticos dentro e fora do PT.

Fui, com muita honra, Assessor Parlamentar, Secretário Adjunto de Juventude no primeiro mandato do governador Flávio Dino, Coordenador Estadual do SINE/MA. Graças ao PT eu pude ocupar essas e outras funções na administração pública que muito me honraram e pude implementar o modo petista de governar e dialogar com a sociedade.

Em que pese as distorções enormes que maculam o PED, tem sido através dele que hoje somos um partido paritário de gênero, temos cotas para representações de negros e índios, cotas para a juventude nas direções do partido em todos os níveis e muito mais conscientes do nosso papel histórico, conscientes de nossos erros e acertos nestes 40 anos e como mudamos a cara da sociedade brasileira nos governos Lula e Dilma .

A razão pela qual me dirijo a todos e todas que militam e constroem o partido como eu, reconhecendo a importância do PT na minha trajetória política até aqui é muito simples: é hora de sair do labirinto que nos obriga, a cada eleição no Maranhão, a aderir a outros projetos políticos partidários por ausência de debate interno entre nós que nos leve para outros horizontes políticos. O PT do Maranhão precisa disputar a sociedade maranhense. Estes anos todos, fomos capturados, mas não precisa ser assim para sempre .

Muitos vão aplaudir minha ousadia, outros vão se espantar com a minha loucura, mas aos 35 anos eu já posso ser muitas outras coisas na vida e decidi que quero ser Senador da República pelo PT.

Isso porque também quero debater outras perspectivas de desenvolvimento para o Maranhão. Acredito que posso contribuir mais com o meu estado. Tenho ideias que podem servir ao povo do Maranhão.

Quero que o PT me oportunize a disputar o eleitorado maranhense para ser o senador que efetivamente represente nossa maranhensidade. Quero ter a oportunidade de apresentá-la para o debate público na sociedade e nas instâncias de nosso partido.

Eu estou comunicando ao meu partido, à nossa militância e aos meus amigos e familiares a minha disposição de disputar o senado federal em 2022 pelo partido que luto e construo. Vou buscar a viabilidade interna e externa desta pretensão e desde já peço todo apoio e suporte político necessário.

O PT tem voto no Maranhão. Eu estou me propondo a dialogar com o povo maranhense e defender a renovação da cadeira no Senado Federal para um jovem negro, de origem periférica e  sem parentes e sobrenomes importantes na política, vindo do interior, como tantos e tantas maranhenses, em busca de melhores condições de vida aqui na capital.  Daqui pra frente só o impossível me interessa.

Atenciosamente,

Paulo Romão Meireles Neto

Sociólogo

Petista

São Luís , 06 de dezembro de 2020”.

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