Gazeta do Nordeste

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Julho das Pretas: pauta reivindica direitos e visibilidade de mulheres negras

Maranhão se junta a ações online que acontecem em todo o país

Nem a pandemia desarticulou o movimento social de mulheres negras. Pelo contrário, com atividades em praticamente em todo país, elas dão continuidade ao Julho das Pretas, que é uma agenda comum de intervenção e debates. A ação faz parte das comemorações do dia 25 de julho quando se comemora o Dia Internacional da Mulher Afro-Latino-Americana e Afro-Caribenha, criado em 25 de julho de 1992, na República Dominicana. Na mesma data, no Brasil, se celebra Dia o Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra (Lei Federal 129871/2014).

Conforme nos conta a coordenadora do Grupo de Mulheres Negras Mãe Andresa, a assistente social Cecília Bastista, em 2014, durante o processo de construção do comitê impulsor maranhense da Marcha de Mulheres Negras 2015 é que se constroem as primeiras ações do Julho das Pretas no Maranhão. “A partir de então, o Grupo Mãe Andresa vem se articulando juntamente com organizações locais, regionais e nacionais para desenvolver atividades de enfrentamento ao racismo e ao sexismo, visibilizando a atuação política do movimento de mulheres negras, reafirmando que nossos passos vêm de longe”, ressalta

Todos os anos, a Rede de Mulheres Negras do Nordeste se reúne para escolha do tema na região, a partir da análise dos principais desafios políticos das mulheres negras naquele momento. Este ano, o Julho das Pretas tem como tema “Em Defesa das Vidas Negras, pelo Bem Viver, que enfatiza a valorização das vidas negras e resgata o Bem Viver como projeto político que apontamos desde a Marcha de Mulheres Negras, em Brasília, em 2015. Nessa perspectiva, o movimento de mulheres negras se junta a outros populações oprimidas do mundo inteiro para dizer que é preciso construir outro modelo civilizatório que quebre com os parâmetros eurocêntricos de monetização e banalização da vida.

No Maranhão, há uma extensa programação durante todo este mês, articulada pelo Grupo de Mulheres Negras Mãe Andresa, a Rede de Mulheres Negras do Maranhão, o Conselho da Condição Feminina de São Luís, Centro de Cultura Negra, Fórum Maranhense de Mulheres, além de outras ações de militantes que atuam individualmente ou em outros coletivos. 

“O Julho das Pretas é um mês de unificação da agenda da militância de todos os movimentos de mulheres negras, dando maior visibilidade as lutas cotidianas das mulheres negras por todo país. Esse ano estamos trazendo à tona a importância das vidas negras e do nosso bem viver – pauta fundamental, uma vez que o Estado Brasileiro tem nos excluído das principais políticas públicas desse país e vive moldado pela lógica do racismo estrutural. Nosso nome é resistência, e vamos lutar sempre como assim fizeram nossas ancestrais – nunca irão nos calar. O Julho das Pretas reflete esse lugar da resistência das mulheres negras, explica Claudia Gouveia, mestra em Antropologia Social, integrante da Rede de Mulheres Negras do Maranhão – REMNEGRA.

Em respeito às medidas de segurança sanitária, as atividades acontecem em diversas redes e plataformas digitais, em formato de “lives” e webinarios. Dentre os temas abordados nas diversas redes sociais destacam-se: equidade e bem viver, afroconveniência, educação antirracista, saúde e educação das mulheres negras trans, afroempreededorismo, racismo religioso, negras na literatura, movimento de mulheres negras dos anos 80, mulheres negras rurais, além de diálogos com gestores governamentais sobre diversas políticas públicas e feira virtual de afroempreendedorismo entre outras. Visite os perfis das instituições participantes nas principais redes sociais e confira a agenda completa abaixo.

Um dos pontos altos da agenda de eventos de São Luís é o dia 25 de julho, quando acontecerá a tradicional Ciranda das Pretas, dessa vez online. A partir das 10h da manhã, terá início uma programação cultural com caxeiras da Família Menezes, participação de cantoras como Andrea Frazão, Anastácia Lia, Célia Sampaio, Dicy Rocha, Paula Guterres e outras convidadas e tambor de Crioula da Comunidade Quilombolas Outeiro dos Nogueiras (Itapecuru Mirim).

Mais informações:

Ivana Braga – (98) 98193-4544

Cristiane Rego (98) 91916775

E-mail: comunicacaomulheresnegras@gmail.com

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